Sabemos que a educação formal por si só não é capaz de preparar indivíduos para esse novo mundo que se apresenta – nem com a rapidez necessária. Isso significa que sofremos um sério risco de, em breve, termos uma classe de pessoas sem os conhecimentos e as competências necessárias para darem continuidade ao próprio processo de aprendizagem. Magaldi (Magaldi, 2018), citando um estudo do Fórum Econômico Mundial comenta que a velocidade de depreciação do conhecimento táo grande que cerca de 50% do conteúdo adquirido no 1º ano de um curso regular em uma universidade torna-se obsoleto no 4º ano. Não à toa que Lifelong Leraning (aprendizagem ao longo da vida) é usada para descrever um tipo de comportamento que os empregadores estão buscando dentro da organização. Portanto, o lifelong learning é a compreensão de que, para se manter preparado, é fundamental entender a educação como um processo ininterrupto. 

A aprendizagem organizacional é apontada como uma das principais preocupações dos executivos seniores em todo mundo até porque a incapacidade de aprender novas competências compromete a inovação e afeta a sobrevivência das empresas segundo relatório da PwC (PricewaterhouseCoopers). “Aprender a aprender” é uma das competências mais relevantes do século 21, tanto para indivíduos quanto para empresas em 2020, o Fórum Econômico Mundial declarou que o mundo enfrenta um “período de emergência” na requalificação de profissionais e alertou para a necessidade de requalificar mais de 1 bilhão de pessoas até 2030. 

O lifelong learning parte da premissa de que o aprendizado não tem data para acabar. Mesmo depois dos diplomas do ensino básico, da faculdade ou da especialização, por exemplo, é necessário adotar uma postura aberta ao conhecimento. Uma postura de aprendiz para toda a vida implica em se reinventar com disposição e regularidade, comprometendo-se com o desenvolvimento de competências (hard e soft skills, no que diz respeito às técnicas e aos comportamentos mais adequados) e, com isso, aumentar suas chances de prosperar profissionalmente. Na carreira, assim como no mercado, ganha quem consegue entregar o melhor resultado e só quem não deixa de aprender é capaz de manter a qualidade do trabalho ao longo dos anos.  

Mas como podemos aplicar o princípio de lifelong learning na prática? A maioria das pessoas aprenderá algo novo em algum momento de sua rotina diária apenas conversando com outras pessoas, navegando na Internet com base em interesses pessoais, lendo o jornal ou engajando-se em interesses pessoais. Antes de sugerir algumas coisas práticas, apresentamos algumas perguntas que você deve fazer a si mesmo:  

• Se você pudesse ganhar um novo superpoder, qual seria?  

• Qual habilidade ou conhecimento o ajudaria muito nesse momento de vida?  

• Por qual assunto você tem se interessado mais nos últimos tempos? Onde você tem investido seu tempo: lendo livros ou blogs? Conversando? Assistindo a vídeos em redes sociais ou no YouTube?  

• Existe alguma atividade ou tarefa específica que você poderia fazer melhor se aprendesse algo novo? Pense no que você gostaria de fazer em breve. 

• O que você poderia aprender que o ajudaria nessa conquista? No campo profissional, pode ser uma transição de carreira ou uma nova posição na empresa onde trabalha. Pense no novo você, já com o aprendizado assimilado e sendo capaz de fazer algo hoje que você não era capaz de fazer antes.  

• O que pessoas próximas dizem sobre você? Você teve algum feedback ou avaliação de desempenho recente? Do que você ouviu, quais pontos considera que valem a pena ser melhorados? 

Assim, antes de comprar livros e cursos on-line sobre o tema escolhido, é importante experimentá-lo um pouco. Antes de se comprometer com um caminho mais longo, pesquise na internet o que tem sido falado sobre o assunto que você deseja estudar e converse com pessoas que possuem o conhecimento que você busca. Teste na prática se sua escolha faz sentido e se você terá fôlego para sustentá-la durante algum tempo. 

No processo de aprendizado para toda a vida os cursos de qualificação são excelentes ferramentas de crescimento. Ao se qualificar, você aprofunda conhecimentos e ganha novas experiências, preparando-se para posições que exigem mais responsabilidades.  

Considerando que o aprendizado acontece a todo o tempo. Pense mais, escreva mais e estude mais. Leia muito, mas seja cuidadoso e questione a fonte. Ouça podcasts de negócios, TED Talks, veja muitos vídeos – também de assuntos que não são da sua área! Participe de palestras e workshops, compartilhe o que aprendeu e crie conhecimento complementar, vá além do seu estudo. Quem sabe você precise de um processo de coaching ou desenvolver uma nova competência comportamental, iniciando um novo projeto, ou ainda em transição de carreira. Lembrando que você não ganha pelo que sabe, mas pelo que faz com o que sabe.  

Por fim, o conselho de Steve Jobs é muito apropriado. Quando em 2005, Jobs finalizou um discurso na Universidade de Stanford com a seguinte frase: “Stay hungry, stay foolish” (mantenha-se faminto, mantenha-se tolo). Em outras palavras, mantenha-se faminto por aprender e nunca pense que já sabe tudo. Estas palavras são um convite aos profissionais do século XXI para olharem para a importância do lifelong learning. 

GLEIDSON COSTA
CEO E FOUNDER DA ZEST 

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REFERÊNCIAS 

MAGALDI, Sandro. Gestão do amanhã: tudo o que você precisa saber sobre gestão, inovação e liderança para vencer na 4ª revolução industrial. São Paulo: Editora Gente, 2018.  

Deloitte, 2019 Deloitte Global Human Capital Trends – Leading the Social Enterprise: Reinvent with a Human Focus, 2019.  

PwC, 22nd Annual Global CEO Survey – CEO’S Curbed Confidence Spells Caution, 2019.